quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Entropia .

Dentro do apartamento, dentro do lamento.
Depois eu tento, eu tento.

Vou beijar a minha dor
E curar a minha alegria.
O meu copo vai secar
E o cigarro vai queimar a minha pele

Quando eu estiver sóbria novamente,
Quem sabe eu diga um oi,
Ou queira um novo invento.
Quem sabe eu volte, por aqui.
Algo estranho vai passar, dentro de mim.

(Bianca Cordeiro Lessa)

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Veemente .


Me embriago, divago, outra rima.
Me embriago de você, mas também de álcool.
Um sorriso mago, me embriago, me embriago.

Uma força trago, embaraço.
Mas de você, me embriago de bom grado.
Enrolado, o cabelo, o retrato.
Me embriago.

Os passos são largos.
Outra rima, olhar vago.
Me embriago, meu bem, me embriago.

- Bianca Cordeiro Lessa -

sábado, 26 de junho de 2010

Easy.


Queime o que vem do coração.
Perca suas asas, falsas
Cada um na sua aflição.
Me perco, lhe perco.

Ajude-me a inalar minha falsa realidade.
Outra identidade no meu reino.
"Fale de uma vez enquanto gira."

Existe uma luz saindo da minha boca,
e ela vai direto para o ar, para o fogo.
Meu inimigo favorito
Sobre o próprio orgulho, oferta amor.

Vista-se de vapor inodoro
Fuja.

- Bianca Cordeiro Lessa -

terça-feira, 25 de maio de 2010

Tudo ao mesmo tempo e agora.


Sinta a carne, sem amor
Sinta o espírito, sem a dor
Embale o pranto, o encanto
Sinta o vício, o ardor
Em más virtudes se dissipou.

Abaixe as cortinas cansadas
Sinta o medo do nada
Comece por onde acabou
Sinta a carne, sem amor.

- Bianca Cordeiro Lessa -

domingo, 14 de março de 2010

Luz.


Quando o vazio abre as portas,
pergunta se eu quero entrar novamente.
Pergunta o que eu quero.
Uma vez, a dor me disse: acostume-se.
Aparente confusão, inexistente, impertinente.

Você pode olhar para as estrelas,
Mas o brilho delas nunca será seu,
Nunca será.

Um olhar vago do paraíso,
E as armaduras caem por terra.
Um beijo e tudo fica bem esta noite.
E ele é doce como veneno.
As coisas nunca são realmente simples.

- Bianca Cordeiro Lessa -

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Meu artigo sobre Black Metal no Distorção (Sistema O Dia)


Pesquisa, trabalho e paciência, durante 2 meses elaborei um artigo sobre a indumentária Black Metal, relacionando com sua ideologia, psiquê, música, e tudo que levava a construção de um vestuário tão diferenciado. O trabalho deu frutos, foi recentemente publicado na coluna Distorção do site do sistema O Dia de comunicação, voltada para temas no universo do metal, rock'n roll.
Espero poder ainda apresentá-lo em algum evento de moda. O ano de 2010 promete muitas novidades em matéria de criações minhas. Que tudo dê certo, aguardem.
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Confira a matéria na íntegra aqui!

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Moda Aberta.



“Tal como se organiza sob nossos olhos, a moda já não encontra seu modelo no sistema encarnado pela moda de cem anos”, diz Lipovetsky, ao anunciar o capítulo sobre moda aberta de seu livro: O Império do Efêmero. E de fato muitas mudanças ocorreram nesta que foi considerada uma nova fase da história da moda.
A moda de cem anos caracterizada pela alta-costura começou a dar lugar ao prèt- a-porter, “o luxo supremo e a moda separaram-se” como fala o autor. Uma produção industrial de roupas, inspiradas em tendências, cada vez mais se estabelecia, e se por um lado não tinha o acabamento da alta-costura, colocava novidades nas ruas, e mesmo que nos primeiros anos tenha sido pouco criativo, o prèt-a-porter a partir dos anos 1960 traria cada vez mais inovação.
A alta-costura não estagnou-se nos anos de transição, mas inicialmente hostil a nova forma de se fazer moda, mais a frente acabou por unir-se, lançando coleções. Paralelamente ao processo de estetização da moda industrial, o prèt-a-porter conseguiu democratizar um símbolo da alta distinção, outrora muito seletivo, pouco consumido: a griffe. Com elas já não se exaltava o nome de um criador, surgindo um afastamento das normas, os criadores já não se distinguiam de seus rivais pelo nome. A criação das griffes ajudou a igualar, mas não aboliu diferenças sociais extremas.
“O fim da preeminência simbólica da alta-costura tem por correlato o aniquilamento de sua clientela”, como cita Lipovetsky. Pois bem, agora uma maneira jovial, inovadora, individualista, foi estabelecida. As posições sociais já não eram o que se primava mostrar, e sim ser, estar jovem. Esse código juvenil também contribuiu para a igualação dos sexos, uma vez que os homens buscavam cada vez mais cuidar de si. Como o autor diz: “Homens e mulheres deixam de ter comportamentos antinômicos em matéria de cuidados pessoais e de aparência; a fase as disjunção máxima dos sexos foi superada em favor de uma democratização narcísica, e isso especialmente por intermédio do imperativo juventude.” (pág 123)
Na continuidade dessa moda aberta, deu-se cada vez mais a diversidade de criações, não havia apenas um estilo, uma tendência, “nada mais é proibido, todos tem o direito de cidadania, e se expandem em ordem dispersa. Já não há uma moda, há modas.” (pág.125). E é bem isso que se nota, uma moda plural, e foi nessa época que surgiram os anti-moda; hippies, punks, rasta, new-wave, e a moda viu-se desestabilizada com essa cultura anti-conformista jovem, mas em anos a frente até mesmo estes anti-moda puderam inspirar criações de moda, e o fazem até hoje.
Nessa caminhada, durante muito tempo as diferenças entre o masculino e feminino foram gritantes, e isso também, já seria de se esperar, foi quebrado na fase da moda aberta. Com os sporswear, vestuário de lazer de massa, as cores que voltaram a integrar os trajes masculinos, e a inclusão cada vez maior das mulheres no mercado de trabalho, “a divisão enfática e imperativa do parecer dos sexos se esfuma; a igualdade das condições prossegue sua obra, pondo fim ao monopólio feminino da moda e ‘masculinizando’ parcialmente o guarda-roupa feminino”, cita Lipovetsky. (pág 130).
Todas essas mudanças culminaram no que encontramos hoje, uma moda que não precisa ser cegamente seguida, temos a liberdade de criar, misturar tendências, colocar em pouco de nós nas roupas que usamos; “o que caracteriza a moda aberta é a autonomização do público em relação à idéia de tendência, a queda de poder de imposição dos modelos prestigiosos” (pág 142).
A moda continua criativa, só que agora cada um pode escolher livremente e modificá-la, ela continua a despertar interesse e atração, mas à distância, sem magnetismo desenfreado.

domingo, 30 de agosto de 2009

O "ser" belo.


A beleza sempre foi motivo de atração desde as sociedades mais remotas, mas o que seria ser belo? Beleza é tudo aquilo que desperta prazer simplesmente em se ver, é quando olhar para algo é bom, naturalmente atrativo. Ao longo dos anos o conceito de belo foi modificado, à beleza, não mais bastava ser somente sentida, carregaram-lhe de inúmeros significados; poder, ostentação, entre tantos outros. E o modo de ver o belo, como bem sabemos é variado, pois já diz o ditado: “a beleza está nos olhos de quem vê!”. O que para um europeu, por exemplo, é belo, para uma tribo no interior da África pode ser horrível, estranho, e vice-versa.
Mas na grande maioria do nosso mundo atual, cria-se um padrão do que é beleza, do que deve ser seguido, que faz perder a essência do belo que citei no início do texto, o sentimento,o prazer, atração natural, e passa a carregar sentidos, valores que são passados para todos, mesmo àqueles que não possuem condições físicas e monetárias de se inserir nesse padrão de beleza, de moda. A mídia se mostra cada vez mais voraz na exposição e indução a padrões de beleza que não se encaixam a grande maioria das mulheres.
O que se vê são clinicas de cirurgias plásticas cada vez mais procuradas, em busca de “transformar-se” no padrão de beleza vigente. Cada vez mais mulheres com traços belos à sua maneira se modificando em cirurgias a fim de se tornarem iguais a tantas outras.
Esses valores do que é ser aceito e belo não se restringem somente ao corpo ou a roupa que seu usa, mas também ao carro, se é do ano, ao tipo mais moderno de arquitetura e decoração para a casa, aos lugares freqüentados, enfim, uma gama de fatores que podem distinguir de alguma forma a classe social,o estilo, a beleza.
Isso tudo acaba por igualar, pois todos buscam uma mesma coisa, estar inseridos num mesmo padrão, naquilo que é belo no momento. É como uma individualidade coletiva.
Ser visto, usar a roupa de marca, o acessório da moda, sentir-se belo, passa a valer quando os outros lhe vêem belo. Existe uma expectativa de aprovação constante do outro, dos que lhe observam, pois já não basta estar belo para si, precisa-se ser belo aos olhos de outrem.


FOTOGRAFIA: Nicole Tran Ba Vang.
MAIS FOTOS EM: http://www.tranbavang.com/photography/

Álcool (Mário de Sá Carneiro)

Que droga foi a que me inoculei?
Ópio de inferno em vez de paraiso? ...
Que sortilégio a mim próprio lancei?
Como é que em dor genial eu me eternizo?

Nem ópio nem morfina. O que me ardeu,
Foi álcool mais raro e penetrante:
E só de mim que ando delirante-
Manhã tão forte que me anoiteceu.